A adolescência é uma fase importante no processo de reafirmação da identidade pessoal, da identidade psicossocial e da identidade sexual. Erikson diz-nos que o sentimento de identidade é o sentimento interior de ser o mesmo ao longo da vida, trespassando mutações pessoais e eventualidades distintas. Os adolescentes vão, através de uma crise potenciadora de energias, confrontar-se com esta problemática identitária. É também com uma certa desorientação entre progressos, dúvidas e retrocessos que se fazem importantes experimentações de confirmação do ego, na construção de identidade. Para além de uma certa confusão pela qual quase todos passam, existem por vezes situações (que também podem ser passageiras), como confusões criticas de identidade, adolescências demoradas e continuadas, interdições e perturbação de valores.
Cada um de nós constrói o seu “eu” através das interacções relacionais, reais e idealizadas. A identidade constrói-se nas experiências vividas através de um perspicaz jogo de identificações. Se na infância os nossos modelos identificatórios são os pais, na adolescência vão ser os jovens da mesma idade e os grupos de pares. As relações com os pais têm que mudar para que os adolescentes possam ascender a ideias e afectos próprios. A amizade é muito remetida ao nível dos afectos. O melhor amigo do mesmo sexo é normalmente alguém com quem se partilham grandes excitações, como um espelho estruturante onde o adolescente se reconhece reflectido, onde se vê crescer. O grupo de pares pode ter como função apresentar modelos de identificação positiva para o adolescente. Erikson refere a certeza que o grupo pode trazer às incertezas do adolescente. No entanto, pode apresentar alguns riscos negativos, sobretudo quando a relação com o grupo é de grande dependência.
Numa época da vida em que se buscam outros universos para além dos familiares e em que as figuras parentais são tanto mais importantes quanto têm que ser reelaboradas as relações pais-filhos e com as quais há muitas vezes conflitos, existe a necessidade de outros adultos significativos. A construção da identidade passa por um processo de identificação e por um processo de diferenciação. Neste universo interactivo, numa cultura jovem, constroem-se certos estereótipos grupais e sociais. Os heróis têm, no procedimento de identificação de alguns adolescentes, um papel proeminente, oferecendo imagens válidas, cultivadas colectivamente. No final da adolescência o jovem obtém uma identidade cumprida, isto é, ele será capaz de sentir uma sequência interior e um seguimento do que ele significa para as outras pessoas.
Cada sociedade e cada cultura institucionalizam uma certa prorrogação para a maioria dos seus jovens. As instituições sociais amparam o vigor e a distinção da identidade funcional nascente, oferecendo aos que ainda estão aprender e experimentar um certo status da aprendizagem prolongada, caracterizada por obrigações definitivas e disputas promulgadas, assim como por uma tolerância especial.
Ana Leite;Catarina Ramos;Diana Alves;Inês Diaz
blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário