blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Novas formas de trabalho - Teletrabalho - Identidades Profissionais

Uma das novas formas de trabalho de que mais se fala hoje em dia, nomeadamente nos países mais desenvolvidos, é o teletrabalho.
Na realidade portuguesa, teletrabalho confunde-se com trabalho no domicílio. No Código do Trabalho considera-se Teletrabalho a “prestação laboral realizada com subordinação jurídica, habitualmente fora da empresa do empregador, e através do recurso a tecnologias de informação e de comunicação” (artº 233º Código do Trabalho).
Esta nova forma de trabalho, implicará novas relações entre trabalhadores e entre trabalhador e empregador. Se por um lado conseguimos pensar em algumas vantagens que daí poderão advir, por outro serão muitos os constrangimentos, alguns deles pouco visíveis, com os quais seremos confrontados.
A propósito do tema escolhido para desenvolvermos o nosso trabalho prático de psicologia social – identidades profissionais – cruzamo-nos com alguns estudos sobre o desemprego e as suas consequências para o indivíduo. Identificámos funções manifestas e funções latentes do trabalho. Na nossa questão referimo-nos particularmente às funções latentes, nomeadamente as enunciadas por Jahoda (1982), cujo trabalho acerca do impacto do desemprego no indivíduo, é um contributo importante para a compreensão do significado do trabalho nas sociedades modernas, que seguidamente expomos:
- Proporciona contacto regular com outras pessoas para além do círculo restrito da família;
- Ligação a um conjunto de objectivos e propósitos colectivos mais amplos que os da esfera pessoal do individuo;
- Acesso a estatuto social e identidade;
- Estimulo para actividade assertiva, organizada e orientada;
- Estruturação/organização do tempo diário, semanal e anual
Para esta autora, através do emprego as pessoas são capazes de se identificar num mais amplo esquema das coisas, adquirir um sentido mais objectivo das suas ambições, ter a possibilidade de experimentar atitudes de direcção e de organização de actividades e viver uma vida mais segura e mais estruturada.
Foi exactamente ao lermos este estudo que nos questionamos, admitindo que estas funções se mantêm ainda perfeitamente actuais, se o teletrabalho será capaz de as satisfazer, tendo em conta que o perigo de isolamento social, o desaparecimento do trabalho em equipa e a debilidade da solidariedade entre trabalhadores e sua associação sindical, estão identificados como factores problemáticos deste novo tipo de relação laboral.

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