O desejo de desfrutar de um “território” próprio e com qual haja uma auto-identificação é bastante comum durante a adolescência, e importante para o processo de construção da identidade. Para Robert Selman existem cinco níveis fundamentais que marcam o relacionamento entre os adolescentes e a respectiva autoridade parental. Tendo em conta capacidade de pensar em perspectiva, resultado das alterações cognitivas anteriores, é no âmbito do nível 4, que acontece entre os adolescentes uma desidealização dos pais, enquanto autoridade máxima sobre qualquer assunto. Há então uma consciencialização do adolescente nas suas próprias competências. O jovem passa a ter opiniões e posicionamentos próprios sobre determinados assuntos, e a procurar conquistar autonomia de decisão perante certas situações. A consequente busca de afirmação da emancipação a este nível, pode conduzir a um sentimento de rebeldia face aos pais. Esta rebeldia surge no relacionamento entre pais e filhos sob diversas formas, entre as quais, na do exemplo com o qual dei início a este post. Ter o quarto decorado e arrumado (ou então, desarrumado, segundo as perspectivas convencionais de grande parte dos pais), à sua própria maneira, é considerado entre os jovens uma questão de gosto pessoal e imposição da sua personalidade num espaço que consideram seu. A atribuição de mesada é outro exemplo que considero interessante, na medida em que, a boa ou má gestão do dinheiro que lhe é atribuído, pode conceder ao jovem a sensação de independência em relação às suas próprias coisas, tão importante nesta fase, onde o adolescente recusa a ideia de ser tratado como uma criança inteiramente dependente dos pais.
blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP
domingo, 25 de novembro de 2007
Relações entre pais e filhos na construção da identidade
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1 comentário:
Mas continuam, mesmo assim, a depender dos pais. O espaço, a mesada, são os pais que concedem. O que não se pode é fazer das relações entre pais e filhos, verdadeiras "ralações". A construção da identidade, quer para pais, quer para filhos está na serenidade do diálogo, no porto de abrigo, para ambas as partes. Quando se entender que o espaço é da família e que todos têm direito a um olhar atento e não a um olhar mesquinho pode haver consenso nesta relação e desta forma constrói-se a identidade de uns e outros (porque os pais estão em constante aprendizagem, tal qual os seus filhos).
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