blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL.

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL.

Abordar o real social cinzentismo de ideias, senão venda de dignidade, ou despersonalização de carácter das personagens avassaladas e servis que desfilam mecanizadas pelos “valores” de sobrevivência de frágeis e voláteis lugares de ocasião que, enganosamente, lhes atribui um estatuto de qualquer coisa quando não, de coisa nenhuma.
Vem este intróito desmascarar as farsas teatrais de pretensos senhores que se pavoneiam em inaugurações, condecorações, ou eventos similares, normalmente com a bênção de um qualquer Bispo, para certificar e abençoar aquilo que com dinheiros públicos, se torna obra de um tal Presidente de isto ou daquilo e que ficará eternizado através duma placa descerrada com pompa e circunstância, abrilhantada com fanfarra dos bombeiros lá do sítio.
Toda aquela indumentária de fatos e coletes negros, marinhos, ou cinzas, prostram-se no branco esticado do colarinho, como manda o momento. Tem o risco alinhado da parca cabeleira, a função de pentear para o lado mais conveniente a desarrumação das ideias, mas sempre sustentada por um gel de marca, pronta a impressionar o mais desatento porque a época já não se compadece de chapeladas.
Como um ser pensante, vazio de ideias, se transforma num autómato com passo e lugar marcado, embrulhando na ansiedade os aplausos com que há-de brindar a dita individualidade que, como configura a história, chegará bastante atrasada para destacar e valorizar ainda mais tal celebridade.
Outras ocasiões há como nesta, em que as pessoas todas formais se dilaceram no mal-estar dos pés apertados dum qualquer par de sapatos comprados exclusivamente e que, de tão virgens serem, se adaptaram mal à forma do pé.
Os peristálticos aprisionam os movimentos e desencadeiam uma luta entre o incómodo e o conveniente estar social. É o preço a pagar pela representação a que eu chamaria fingimento.

António Franco.
05/11/07

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