blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP

sexta-feira, 30 de novembro de 2007

soBre a mÚsiCa


Desde os anos 60 que a música provoca um grande efeito na construção da identidade na adolescência. É um grande instrumento de manipulação com variadíssimas consequências.

Como tal é sociologicamente obrigada a redefinir-se e a reinventar-se constantemente, implicando uma reorganização sócio-estrutural.

De igual modo, a música enquanto mercadoria, modifica também a estrutura económico-social.

No desenvolvimento psicossocial do sujeito, pode determinar condutas e valores, ou simplesmente produzir opiniões gerando grupos de pretença, crenças e identidades.

joão miguel pereira
lsoci07060@letras.up.pt

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Atitudes

Pediu-me o professor
Para na liça entrar
Fazê-lo com pundonor
E de Psico falar

Eis-me então a responder
Lembrando nossos poetas
Com perícia o vou fazer
E das atitudes certas

Diz Sofia, das pessoas
Serem incapazes de matar
As galinhas porque sofrem – as galinhas!
Mas papam-nas bem papadinhas.

Na análise consumada
Gedeão concluiu
O sentimento na lágrima
Nem a cor o distinguiu

Pergunta Alegre na trova
E o vento nada lhe diz
Que poderia dizer ele
Com tanta gente juiz?

Nos Direitos exigentes
Nas obrigações nem por isso
As filas não respeitamos
O silêncio é nosso enguiço!

Somos assim tão pequenos
Na postura grandiosos
Convencidos da certeza
Nos valores muito manhosos

Só ouço reivindicar
E naquilo que devemos
Nada ousamos fazer
E assim continuaremos.

Com as mãos se faz a obra
A mente lavra a ideia
Vamos erguer nossa trova
Desamarrando esta ideia.

A. Franco
28/11/07

domingo, 25 de novembro de 2007

Relações entre pais e filhos na construção da identidade

O desejo de desfrutar de um “território” próprio e com qual haja uma auto-identificação é bastante comum durante a adolescência, e importante para o processo de construção da identidade. Para Robert Selman existem cinco níveis fundamentais que marcam o relacionamento entre os adolescentes e a respectiva autoridade parental. Tendo em conta capacidade de pensar em perspectiva, resultado das alterações cognitivas anteriores, é no âmbito do nível 4, que acontece entre os adolescentes uma desidealização dos pais, enquanto autoridade máxima sobre qualquer assunto. Há então uma consciencialização do adolescente nas suas próprias competências. O jovem passa a ter opiniões e posicionamentos próprios sobre determinados assuntos, e a procurar conquistar autonomia de decisão perante certas situações. A consequente busca de afirmação da emancipação a este nível, pode conduzir a um sentimento de rebeldia face aos pais. Esta rebeldia surge no relacionamento entre pais e filhos sob diversas formas, entre as quais, na do exemplo com o qual dei início a este post. Ter o quarto decorado e arrumado (ou então, desarrumado, segundo as perspectivas convencionais de grande parte dos pais), à sua própria maneira, é considerado entre os jovens uma questão de gosto pessoal e imposição da sua personalidade num espaço que consideram seu. A atribuição de mesada é outro exemplo que considero interessante, na medida em que, a boa ou má gestão do dinheiro que lhe é atribuído, pode conceder ao jovem a sensação de independência em relação às suas próprias coisas, tão importante nesta fase, onde o adolescente recusa a ideia de ser tratado como uma criança inteiramente dependente dos pais.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Durante uma das minhas pesquisas, descobri um estudo impressionante sobre a taxa de criminalidade nas favelas do Brasil, em que o objectivo era determinar os índices de criminalidade em função da "raça"("brancos", "mestiços" e "negros"citando o estudo).Devo dizer que fiquei, de certa forma incrédula face aos critérios do estudo, se não mesmo "chocada" pela ausência de outros factores, nomeadamente sociais que podem condicionar a taxa de criminalidade.No meu ponto de vista, os resultados do estudo eram perfeitamente previsíveis e portanto irrelevantes no aspecto analítico conclusivo.Se pensarmos num possível estudo em que se determinaria os índices de oferta de emprego em função da"raça", os resultados provávelmente nos dariam a justificação dos resultados do primeiro.

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Mariko de olhar (no) branco


Trago esta imagem da artista japonesa Mariko Mori, não somente porque aprecio imenso o seu trabalho mas porque de certa forma responde bem ao processo das questões ligadas à formação da identidade pessoal em confluência com aquilo a que Berger e Luckman pela tradição fenomenológica apelidaram de "mundo vida" - a sociedade composta pelos seus membros e institucionalizada sob os mais diversos códigos semânticos enformados e transmitidos pelo conhecimento - senso comum - partilhado. É este que confere sentido à vida social permitindo que esta decorra com relativa coesão. Antes de ser artista a Mariko, de origem japonesa, foi modelo durante vários anos, o que a levou desde cedo a viajar pelos quatro cantos do mundo, alterando o seu olhar no mesmo sentido em que era objecto dos olhares dos outros pelo protagonismo que a sua presença nas páginas dos editoriais de moda lhe impunha. Conseguirão pressentir decerto que essa trajectória social influenciou enormemente o trabalho que ela realiza na actualidade enquanto artista e que neste sentido qualquer dicotomia entre identidade pessoal e social se torna apenas compreensível pelo seu possível enquadramento pedagógico porque, e até como já foi referido nas aulas, ambas as dimensões são aspectos indissociáveis do Self. Este auto-retrato de nome tem uma particularidade, a cor dos olhos e do cabelo é semelhante à cor do globo que ela segura entre mãos relembrando que o self / sujeito, exterioriza a interioridade projectada pelas objectivações (o globo, neste caso, enquanto objecto realmente visível e com significado ), sendo por conseguinte o self , também ele real e objectivável pelo globo/mundo a partir do momento em que se exterioriza nele, no nascimento. Produto/produtor, sujeito/objecto, eu/outro, é da soma destes binómios que resulta a identidade enquanto processo contínuo e em permanente mudança (as situações de tensão ocorridas pelo possível confronto não se esgotam então na adolescência). De forma muito simplificada, Mariko demonstra que num mundo branco, (e aqui podemos nos permitir atribuir a conotação que bem entendermos à cor, eu aqui mantenho a do professor) insípido, o olhar também reflectirá o mesmo carácter uniformizado/uniformizante. O multiculturalismo para além dos seus aspectos imediatamente mais teorizáveis prende-se apenas com a aceitação da pluralidade em oposição às visões do mundo estritamente rigidificantes tão presentes nos vários conteúdos de consumo diário. Acho que posso garantir com algumas certezas que os autores da Escola Crítica de Frankfurt responderiam a isto com uma solução: a Razão, com o R maiuscúlo Hegeliano e nisto também penso que consensualmente todos os meus colegas do 2º ano concordam comigo... é senso comum. :)

domingo, 18 de novembro de 2007

Problemáticas de identidade na adolescência

A adolescência é um período de rápidas alterações físicas, emocionais, sócio-culturais e cognitivas.
Tendo como tarefa por excelência a construção da sua identidade o adolescente preocupa-se com a definição de si próprio e com o seu papel no mundo, explorando novos caminhos e estabelecendo novas relações com os seus pais, outros adultos e os seus pares.
De acordo com a teoria psicossocial de Erikson, a tarefa mais importante da adolescência é a construção da sua Identidade é considerada um espécie de passo crucial na transformação do adolescente em adulto produtivo e maduro.
Construir uma identidade, para Erikson (1972), implica na definição de quem é pessoa, quais os seus valores e quais as direcções que deseja tomar ao longo da vida.
A formação da identidade recebe a influência de fautores, intra pessoais (as capacidades inatas do indivíduo e características adquiridas da personalidade), de factores interpessoais (identificações com outras pessoas) e de factores culturais (valores sociais a que uma pessoa está exposta, tanto globais quanto comunitários).
No caminho da autonomia, liberdade e responsabilidade o percurso do adolescente caracteriza-se por constantes avanços, recuos bem como pela vivência de sentimentos contraditórios: do desafio e motivação à insegurança ou desânimo, do conformismo à rebeldia, do sentido do dever ao desejo do prazer.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Estudo: "Identidade judaica: formação, manutenção e possível modificação à luz da Psicologia Social"

Introdução

Os hebreus, israelitas e judeus podem ser apresentados como aqueles que comp~em o povo de Israel, povo escolhido dentre outros povos, para receber a Lei divina.

Quanto à caracterização deste povo enquanto eleito por Deus, tal expressão deve ser compreendida como referente ao facto de que Deus escolheu os judeus para que recebessem a Sua Lei, cumprissem os mandamentos contidos na mesma e a estudassem, a fim de poderem segui-la de forma consciente. Não deve ser interpretada como significando superioridade de um povo em detrimento de quaisquer outros, devendo a eleição ser entendida como marcada pela condição de obediência, dever e serviço a Deus.

Assim, a comunidade judaica é constituída por subgrupos distintos, os quais se diferenciam de acordo com a origem histórica e geográfica que apresentam. Desse modo, estão reunidos em três grupos: ashkenazim, sefaradim e “outros”.

Os ashkenazim compreendem os judeus europeus cujas origens geográficas e/ou históricas não compreendem a espanhola ou portuguesa; sendo aqueles que falam o ídiche.

Os sefaradim são os judeus europeus de origem espanhola e portuguesa, que adoptaram o rito espanhol nas suas preces e práticas religiosas, e comunicam em domínios privados na língua espanhola ou ladino.

A categoria dos “outros” comporta as pessoas que não pertencem nem á comunidade ashkenazita nem à sefardita, sendo aqueles que vivem nos continentes africano e asiáticos.

Assim, no presente estudo “Identidade Judaica: formação, manutenção e possível modificação à luz da Psicologia Social” de Solange Epelboim, participaram 80 israelitas, onde se optou por conceder destaque aos factores referentes à origem ashkenazita ou sefaradi, ao género e ao nível de escolaridade.

Composição do universo de pesquisa

Assim, quanto à idade, compreendeu pessoas entre os 15 e 81 anos.

Quanto ao estado civil, 20 participantes eram solteiros, 49 eram casados com pessoa israelita, dois com pessoa não-israelita, seis eram separados de pessoa israelita e um era separado de pessoa não-israelita.

Quanto à filiação, todos eram filhos de pais judeus; 56 informaram ter filhos.

Quanto à crença e prática religiosa, 59 pessoas apresentaram-se como não-ortodoxas, duas como tradicionais, uma como religiosa mas não extremista, uma como religiosa liberal e uma como de uma categoria entre foram ortodoxa e não-ortodoxa.

Instrumento da pesquisa

Foi utilizado um questionário, constituído de três partes, onde a primeira compunha-se por instruções destinadas aos participantes da pesquisa. A segunda parte consistiu em dados pessoais referentes a: idade, género, nível de escolaridade, profissão, estado civil, paternidade ou maternidade, filiação, origem ashkenazi ou sefaradi e a concepção ortodoxa ou não-ortodoxa do Judaísmo. A terceira parte consistiu num questionário de nove perguntas abertas.

Resultados

Quanto à participação no processo de formação da identidade judaica (factores educacionais, culturais e religiosos): 87,5% dos ashkenazim e 85% dos sefaradi declararam fazê-lo por meio de acções educacionais, religiosas e sócio-comunitárias.

Quanto à manutenção da identidade: enquanto os ashkenazim indicaram maior importância aos aspectos culturais e sociais, os sefaradim apontaram a participação de factores emocionais e vincularam, ao aspecto social, o compromisso comunitário.

Quanto a mudanças na expressão do Judaísmo: 92,5% dos ashkenazim e 85% dos sefaradim responderam perceber modificações principalmente no âmbito religioso; apontando como factores o desenvolvimento mundial (progresso, novas condições de vida em sociedade, exigências do mundo moderno, etc.)

Quanto ao estabelecimento de relações significativas de amizade e de amor entre judeus e não-judeus: cerca de 60% dos ashkenazim e 47,5% dos sefaradim apoiaram tais relacionamentos, enquanto que 35% dos ashkenazim e 30% dos sefaradim eram a favor de relações de amizade e contrários às de amor.

Quanto a ser contrário ao estabelecimento de relações de amizade e amor: nenhum ashkenazim revelou tal condição e 10% dos sefaradim declararam-se nesta posição.

Quantos aos acordos de paz desenvolvidos entre Israel e os países vizinhos: 80% dos ashkenazim e 75% dos sefaradim mostraram-se favoráveis; mas 10% dos sefaradim não se mostraram de forma explícita se eram favoráveis ou não a tais acordos, de modo que as respostas não foram consideradas.

Discussão dos resultados

A configuração da identidade judaica compreende aspectos religiosos, culturais, educacionais, sociocomunitários, relativos à descendência e à conversão religiosa, de identificação com Israel, emocionais, raicionais, de atitude, entre outros. A apresentação de respostas comuns, pelos ashkenazim e sefaradim, parece apontar para a condição de igualdade entre estas pessoas, isto é, o facto de pertencerem a uma categoria primeira e maior – ser israelita.

A articulação mencionada vem ao encontro de que a Torá compreende, através de recursos descritivos, normativos e avaliativos, toda a legislação civil e religiosa que deve perpassar a existência dos israelitas.

Os aspectos educacionais envolvem modos formais de obtenção e transmissão de conhecimentos judaicos, como escolas, sinagogas e bibliotecas, e modos informais. A sinagoga exerce função educacional, na medida em que a religião judaica defende a obediência aos mandamentos divinos, porém uma obediência consciente e esclarecida, a qual seja marcada pelo estudo da palavra de Deus.

Os aspectos sociais estão vinculados às dimensões acima citadas, pois o contacto com outros indivíduos ou pequenos grupos israelitas ocorre em âmbito religioso, cultural e educacional. Nos aspectos comunitários, percebe-se o compromisso em prestar-se assistência à comunidade judaica, compromisso este assumido por diversas instituições, formais ou não.

Quanto aos factores étnicos, também estão associados e revelam a condição do indivíduo perceber que pertence a um grupo que se diferencia dos demais pela história, crenças religiosas, valores, tradições, etc.

Assim, os factores de identificações com Israel também participam neste delineamento, pois são factores que expressam compromissos emocionais, racionais e de atitude para com Israel podendo ocorrer no âmbito religioso, cultural, político, entre outros. A existência de israelitas em diversos locais do mundo, e os inúmeros episódios de perseguição sofridos, contribuem para a presença de aspectos relativos à identificação com Israel, presença revelada nos processos de formação e manutenção da identidade judaica.

Por fim, os factores relativos à descendência e à conversão foram articulados aos aspectos religiosos e étnicos, pois representam as duas formas possíveis do indivíduo ser considerado judeu.

Quanto ao processo de modificação da identidade judaica, acredita-se que as respostas fornecidas, relativas às transformações na expressão religiosa apontem para diferentes formas de exercício desta dimensão, mas não para o abandono da mesma.

Deste modo, acredita-se que a identidade judaica, mesmo compreendendo contínuos processos de formação, manutenção e possível modificação, apresente contornos comuns e bem delineados; o que não significa a rigidez desta configuração parecendo assinalar que as mudanças ocorridas não consistem em drásticas rupturas, mas, sim, em discretas modificações quanto ao grau de expressão dos referidos aspectos.

Em tom de conclusão, parece que todos os judeus ou não-judeus, estão sujeitos a condicionamentos históricos que interferem na sua visão do mundo e na interpretação que concedem a si mesmos.

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A partir do estudo “Identidade judaica: formação, manutenção e possível modificação à luz da Psicologia Social, disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/pdf/psicousf/v9n1/v9n1a11.pdf

Texto de: Margarida Roque, Francisco Magalhães e Bernardo Marques

Definição do termo Identidade, segundo vários autores

Definições do termo Identidade:

- qualidade do idêntico, capaz de reunir um conjunto de factores próprios e exclusivos a cada pessoa (Hollanda)

- compreendendo aspectos de ordem objectiva, subjectiva, individual e social (Erikson)

- implicado na percepção da constante articulação entre permanência e mudança de princípios e propósitos apresentados pela pessoa (Drever)

- envolvendo características centrais de um indivíduo, as quais guardariam um compromisso com uma concepção de homem em constante e dinâmica construção (Rorty & Wong)

- relacionado com o desenvolvimento psicossocial do sujeito através da passagem por fases (Erikson)

- como consciência que todo o indivíduo tem de si mesmo, da sua origem, filiação, relações que estabelece, atributos físicos e psicológicos e factores capazes de diferenciarem de outros indivíduos (Kruger)

Kruger destaca 4 aspectos:

1º: pode ser apresentada como tendo a sua origem na apercepção de características pessoais e permite que este indivíduo alcance a crença de que seja diferente doutros em alguns aspectos;

2º: possibilidade que qualquer sujeito tem de distinguir, na sua auto-apresentação simbólica, a existência de diversas dimensões, isto é, das variadas formas de identidade por ele apresentadas ao se inserir em grupos, colectividades e processos sociais.

3: constitui-se com base em crenças autodescritivas e auto-avaliativas, as quais lhe conferem um carácter dinâmico que permite mudanças.

4: este sistema de crenças contribui para o desenvolvimento da personalidade e da conduta dos indivíduos.

O processo de socialização caracteriza-se como dinâmico, universal e contínuo, isto é, onde as pessoas se influenciam umas às outras e, consequentemente, são influenciadas a todo o momento, movimento que ocorre em toda e qualquer sociedade e acompanha o homem ao longo da sua vida.

De acordo com Pereira e Jesuíno, a socialização caracteriza-se em termos de aprendizagem de papéis sociais, os quais seriam definidos como o comportamento que é esperado, por outras pessoas, de um indivíduo que ocupa uma determinada posição social.

Assim, Dahrendorf situa o “homo sociologicus” como o homem portador de papéis sociais pré-formados, isto é, a pessoa vestindo diferentes “máscaras” no decorrer da sua vida.

A Psicologia Social estabeleceu uma divisão entre:

- identidade pessoal: dirige-se a características individuais;

- identidade social: compreende a condição do sujeito se perceber membro de um grupo, de modo a também incluir na sua configuração, a valorização e significância emocional desta pertença. Assim, é associada a grupos dos quais o indivíduo participa, assim como conjuntos de referência onde não houvesse a inclusão do mesmo.

O conceito de identidade psicossocial apresenta-se como sendo uma configuração que contemple factores privados, públicos e relativos à vinculação entre o particular e o colectivo.

texto de: Margarida Roque, Francisco Magalhães e Bernardo Marques

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

"eu gosto da mestiçagem"

Post pessoal
Eu gosto das coisas e das pessoas que não são "preto e branco" , que nos concedem novas leituras, que nos apelam a repensar, que são diferentes nas posições/opiniões mas que são iguais na procura da comunicação..........a escolha da identidade para principal tema deste blog foi pensada a partir desse princípio, ....porque nos aponta em muitas direcções, porque nos permite juntar conhecimentos de muitas áreas , de juntar o pessoal e o social....de termos muitas leituras sobre uma mesma questão.

Continuo à espera da vossa participação mais activa.

Esperava que o tema da multiculturalidade fosse um tema muito escolhido.....não está a ser.....talvez a identidade dos jovens sociólogos esteja em mudança.

Aqui vai mais um link que mostra a centralidade de algumas destas questões
www.inter-disciplinary.net/ati/diversity/multiculturalism/mcb1/cfp.html

domingo, 11 de novembro de 2007

Identidade e Felicidade

"Só nos consideramos afortunados quando temos tanto ou mais do que as pessoas com quem crescemos, trabalhamos, que temos por amigas e com quem nos identificamos na esfera pública.

Se formos obrigados a viver num casebre frio e insalubre, subjugados à ordem rígida de um aristocrata, senhor de um grande castelo bem aquecido, e no entanto verificarmos que os nosso iguais vivem nas mesmas condições que nós, então a nossa condição parecer-nos-á normal; lamentável, é certo, mas estará longe de ser solo fértil para o sentimento de inveja. Já se tivermos uma casa agradável e um emprego confortável, mas cometermos a imprudência de comparecer numa reunião de ex-colegas de escola e viermos a saber que alguns dos nosso velhos amigos (não existe grupo de referência mais poderoso) estão a viver em casas maiores do que as nossas, adquiridas com os proventos de empregos mais cativantes, é bem provável que voltemos para casa a alimentar um desagradável sentimento de infortúnio.

É essa sensação de que poderíamos ser outra coisa que não aquilo que somos - uma sensação transmitida pelos feitos superiores daqueles que tomamos por nossos iguais - que gera um sentimento de ansiedade e ressentimento”

Botton, Alan de -(2005) Status Ansiedade. Lisboa: Dom Quixote. ISBN: 972-20-2811-1.


- Enquanto seres humanos únicos possuímos uma identidade própria que nos confere sentimentos de unidade pessoal e continuidade temporal indispensáveis para a vivência em sociedade.

Existem dois géneros diferentes de identidade: a identidade pessoal e a social. A primeira, apesar de possuir uma definição paradoxal, remete-nos para as características pessoais que tornam o actor social singular, único, isto é diferente de todos os outros. Por sua vez, a identidade social está associada às nossas funções enquanto actores sociais e ao nosso sentimento de pertença face a determinados grupos.

A identidade pessoal advém de processos sociais de assimilação e diferenciação social, ou seja, comparações sistemáticas com os nossos grupos de referência. São perante estes grupos que o actor social se identifica, exercendo uma grande influência, visível ou não, sobre o self - remete-nos para um conjunto de percepções que cada indivíduo constrói sobre quem é em relação a si mesmo, aos outros e aos sistemas sociais. O próprio estatuto social que cada indivíduo ocupa será uma das dimensões de influência sobre o self.

Em suma, procedemos a comparações perante os nossos iguais e a partir delas formulamos um senso geral sobre os outros e acima de tudo sobre nós mesmos. A condição do outro torna-se fundamental para a nossa própria condição, uma vez que ao vermos o outro em circunstâncias inferiores às nossas construímos uma imagem mais positiva de nós próprios. Se assim é, a infelicidade do outro torna-nos mais felizes?

Texto por: Ana Soares, Ana Mafalda, Flávio Fonseca

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

sobre moratória psicossocial



Outro dos conceitos eriksonianos importantes é o de moratória psicossocial. Esta moratória é "um compasso de espera nos compromissos adultos". É um período de pausa necessária a muitos jovens, de procura de alternativas e de experimentação dos papéis, que vai permitir um trabalho de elaboração interna. Antecipa-se o futuro, exploram-se alternativas, experimenta-se, dá-se tempo…

As moratórias são caracterizadas pelas necessidades pessoais, mas também por exigências socioculturais e institucionais. "Cada sociedade e cada cultura institucionalizam uma certa moratória para a maioria dos seus jovens."

"As instituições sociais amparam o vigor e a distinção da identidade funcional nascente, oferecendo aos que ainda estão aprendendo e experimentando um certo status da aprendizagem, uma moratória caracterizada por obrigações definitivas e competições sancionadas, assim como por uma tolerância especial."

ERIKSON, E. H., op. cit., 1976 (b), p. 157
citado em:

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL.

A REPRESENTAÇÃO SOCIAL.

Abordar o real social cinzentismo de ideias, senão venda de dignidade, ou despersonalização de carácter das personagens avassaladas e servis que desfilam mecanizadas pelos “valores” de sobrevivência de frágeis e voláteis lugares de ocasião que, enganosamente, lhes atribui um estatuto de qualquer coisa quando não, de coisa nenhuma.
Vem este intróito desmascarar as farsas teatrais de pretensos senhores que se pavoneiam em inaugurações, condecorações, ou eventos similares, normalmente com a bênção de um qualquer Bispo, para certificar e abençoar aquilo que com dinheiros públicos, se torna obra de um tal Presidente de isto ou daquilo e que ficará eternizado através duma placa descerrada com pompa e circunstância, abrilhantada com fanfarra dos bombeiros lá do sítio.
Toda aquela indumentária de fatos e coletes negros, marinhos, ou cinzas, prostram-se no branco esticado do colarinho, como manda o momento. Tem o risco alinhado da parca cabeleira, a função de pentear para o lado mais conveniente a desarrumação das ideias, mas sempre sustentada por um gel de marca, pronta a impressionar o mais desatento porque a época já não se compadece de chapeladas.
Como um ser pensante, vazio de ideias, se transforma num autómato com passo e lugar marcado, embrulhando na ansiedade os aplausos com que há-de brindar a dita individualidade que, como configura a história, chegará bastante atrasada para destacar e valorizar ainda mais tal celebridade.
Outras ocasiões há como nesta, em que as pessoas todas formais se dilaceram no mal-estar dos pés apertados dum qualquer par de sapatos comprados exclusivamente e que, de tão virgens serem, se adaptaram mal à forma do pé.
Os peristálticos aprisionam os movimentos e desencadeiam uma luta entre o incómodo e o conveniente estar social. É o preço a pagar pela representação a que eu chamaria fingimento.

António Franco.
05/11/07

terça-feira, 6 de novembro de 2007

sábado, 3 de novembro de 2007

a deeper look into the mind


Nine-year-old Sam Paretta is dead, killed in a plane crash. Even though it's been fourteen months since the accident, his mother Telly (Julianne Moore), still grieves over the loss. But suddenly, her husband (Anthony Edwards) swears they never had a child and her psychiatrist (Gary Sinise) insists she's delusional. But worst of all, there is absolutely no evidence to prove Sam ever existed. Haunted by the memories of her son, Telly's search for the truth propels her into a dark mind-shattering conspiracy of unearthly terror.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Unknown


id1


sobre o funcionamento do blog

Algumas breves notas:
- para além dos "posts" é aconselhável consultar os links propostos, a maioria deles são muito gerais e abrem um sem número de novas possibilidades;
- as pessoas que já definiram os seus temas devem colocar um post com a ideia que estão a desenvolver;
- podem lançar-se questões para debate;
- para os mais "image oriented" ....podem colocar imagem sem texto desde que consigam estabeler alguma relação com a temática.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

iD

Problemáticas de identidade na adolescência