blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP

domingo, 13 de dezembro de 2009

«Há trinta anos atrás, usar um computador, tal como pilotar um veículo lunar, era coisa de uns eleitos, instruídos nas artes mágicas necessárias à condução dessas máquinas...». Foi assim
que Negroponte descreveu os primórdios da utilização da tecnologia informática, à qual apenas tinham acesso alguns destes “eleitos”.
No final do milénio, as “máquinas” multiplicaram-se e ligaram-se em rede, num crescimento incontrolável. Os tais “eleitos” passámos a ser todos nós, seres humanos que partilhamos a experiência comunicacional da nova Era, a Era Digital, a qual, se define como «a realidade
mimeticamente recriada por dígitos». O desafio que os investigadores sociais têm agora de enfrentar consiste em saber quais as alterações que os novos media vão provocar na forma como os indivíduos interagem no quotidiano, já que, segundo Fdida (1997: 101), «l’apparition d’une nouvelle technologie est souvent le moteur d’une transformation de notre société»
No final deste milénio, o indivíduo depara-se com um universo comunicacional onde confluem inúmeras redes, situação que não sendo estranha ao ser humano (a sociabilidade humana manifestou-se, desde sempre, no interior de uma estrutura reticular), implica uma alteração
profunda dos processos de transmissão da informação, transformando, consequentemente, a forma como os sujeitos interagem entre si.
O ciberespaço, espaço onde se vão desenvolver as comunidades virtuais, geradoras de novas formas de sociabilidade, é constituído por um complexo sistema de redes interactivas em que o indivíduo “mergulha”, e que se caracteriza como um novo campo de mediação que subverte as noções de espaço e de tempo tradicionais. Os indivíduos percorrem o ciberespaço a uma velocidade vertiginosa, com o objectivo de acederem a informação muito diversa que circula na rede global. Os utilizadores da Internet não se limitam apenas a serem processadores solitários de informação, já que utilizam cada vez mais os novos dispositivos comunicacionais com o objectivo de interagirem socialmente com outros indivíduos que com eles partilham esta complexa rede. Como refere Lévy, «a rede é, primeiro que tudo, um instrumento de comunicação entre indivíduos, um lugar virtual onde há comunidades que ajudam os seus membros a descobrirem aquilo que eles querem saber. Os dados não representam senão a matéria prima deum processo intelectual e social vivo e altamente elaborado.

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