blogue da disciplina de Psicologia Social da FLUP

sábado, 12 de dezembro de 2009

“Prosumers”: velhos interesses, novas influências

O advento da Web 2.0 veio alterar regras que regem os mais diversos sistemas de relações da sociedade. A internet, com o seu ilimitado poder de interacção, abriu um leque de possibilidades que, gradual ou abruptamente, entram no sistema relacional e redesenham fórmulas até agora aplicadas. As comunidades, por exemplo, deixaram de ser um nicho fisicamente identificável para, com o aparecimento do “mundo virtual”, se tornarem em algo ainda íntimo mas de dimensão geográfica quase infinita.
Tal cenário tornou inevitável o aparecimento de conceitos originais, pela necessidade de caracterizar novos procedimentos ligados aos utilizadores das tecnologias de informação. Este é um facto que o mercado – também “adulterado” pelo processo de globalização – tem sabido interpretar e utilizar em proveito próprio, identificando a emergência de personalidades que lhe podem ser úteis. Os “prosumers” estão nessa lista. O conceito é expresso pela conjugação de dois vocábulos ingleses (producers+consumers) e caracteriza um consumidor/frequentador de comunidades virtuais muito específico, que Xie, Bagozzi e Troye (2008) definiram como sendo “pessoa bem informada, em constante procura de conhecimentos e desenvolvimentos de competências em todos os aspectos de interesse do seu dia-a-dia”.
A conjugação destas características forma um binómio apetecível para as empresas: por um lado, os “prosumers” podem ser “ferramentas” preciosas na projecção de novos produtos, porque, sabendo exactamente o que pretendem, interagem facilmente com as empresas, ajudando nas opções quanto às características dos produtos a colocar no mercado (assumem, por isso, o papel de produtores, ao tomarem parte activa na escolhas que irão entrar em processo de fabrico); por outro, os “prosumers”, pela elevada autoconfiança e estima, são, dentro das comunidades que frequentam, líderes de opinião, ou seja, impõem ideias e são imitados nos gostos.
Esta é uma situação que, por princípio, beneficia as duas partes envolvidas no processo: os “prosumers”, porque, enquanto consumidores, têm à disposição produtos que correspondem às suas preferências; as empresas, porque têm acesso prévio aos gostos não só de um consumidor específico como de todos aqueles que, frequentando a mesma comunidade, são influenciados pelo “prosumer” enquanto líder de opinião, podendo racionalizar as suas opções de produção de forma a correr menos riscos.
Este é um dos factos que explicam a atenção dos responsáveis das empresas pela realidade em mutação. Mais do que a emergência das novas tecnologias, interessa-lhes perceber e explorar as enormes alterações que estas provocaram nos consumidores e como utilizá-las em favor do seu objectivo de sempre: maximização do lucro…

1 comentário:

Francisca Mesquita disse...

O conceito de prosumer foi sugerido por Alvin Toffler (1980), como uma combinação do coneceito de produtor e consumidor. Prosumers são consumidores que intervêm no processo de produção de produtos, significados e identidades. São consumidores interventivos e dinâmicos que compartilham os seus pontos de vista. Eles estão na vanguarda no que diz respeito à adoção de tecnologias, mas que atribuem valor aos produtos escolhidos. Distinguem-se,assim dos early adopters pelas suas atitudes interventoras relativas a marcas, informação e meios de comunicação.
A partir dessas características dos prosumers, percebe-se que o reconhecimento desse tipo de
consumidor dentro do processo de produção/consumo é de grande importância para os gerentes de
marketing, pois representam canais de comunicação importantes para criar atitudes e estimular procuras. Eles reflectem e estimulam mercados, através da sua participação e poder de comunicação Além disso, a compreensão do comportamento dos prosumers pode dar numerosas e úteis informações para uma maior compreensão das novas tendências no comportamento do consumidor e práticas de marketing. Segundo Langer (2007), são os prosumers os principais responsáveis pela inovação de produtos, num sentido mais restrito, e pela produção da cultura de consumo, num sentido mais amplo.